Feira de Milão 2022 na visão de arquitetos brasileiros

Feira de Milão 2022 na visão de arquitetos brasileiros

A My New Kitchen conversou com três arquitetos que acompanharam a Feira de Milão 2022 e a EuroCucina, assim como outros eventos da mais importante semana de design do mundo, para compartilhar as impressões deles e de tudo que presenciaram. 

 

A arquiteta Ticiane Lima, do escritório Ticiane Lima Arquitetura & Interiores, realiza projetos residenciais e comerciais. Ela é, também, embaixadora da Enjoy House Eletrodomésticos, de São Paulo, espaço que oferece produtos nacionais e importados de alto desempenho. Também falamos com a dupla que comanda a TETO Arquitetura Unificada, o arquiteto Franciano Valente e o arquiteto Maick Rocha, que realizam projetos arquitetônicos e de interiores, em espaços residenciais, comerciais e corporativos. A dupla é parceira da Tramontin Design que está presente no sul de Santa Catarina, e que inclusive convidou-os para vivenciar, com exclusividade, o Bertazzoni Experience 2022. Fique atento à próxima matéria no blog e saiba mais como foi este programa incrível na sede da Bertazzoni, no coração da Itália.

 

MNK – Como foi sua experiência na Feira e nos eventos paralelos?

 

TICIANE – Sempre muito produtivo e renovador respirar design e todas as novidades.

 

MAICK – Foi uma experiência maravilhosa! Tivemos uma grande interação com a cidade e com a temática da Semana de Design de Milão. A Feira em si nos mostrou muita coisa que reforçou algumas linhas de trabalho que já estávamos vivendo no escritório, como as linhas mais orgânicas e o protagonismo da cozinha e das casas smart. 

 

FRANCIANO – Essa é a segunda vez que eu vou à feira de Milão. Tanto na primeira quanto na segunda, eu consegui presenciar tanto a feira quanto os eventos paralelos. E há de se notar que a diferença é que a feira tem um apelo muito mais comercial, apesar de alguns estandes serem bastante conceituais. Mas quando a gente vai no Fuorisalone, percebemos que existe um pouco mais de arte, um pouco mais de sensibilidade, algo mais abstrato, que faz com que a gente saia um pouco mais da “casinha”. Quando estamos na Feira, temos novos materiais, novos produtos, novas tendências, mas acabamos indo pela repetição. Já os eventos paralelos nos trazem uma outra realidade, um outro sentido. 

 

MNK – Como você avalia a importância do evento para a arquitetura e o design no Brasil e no mundo? 

 

TICIANE – Avalio como transformador e uma injeção de ânimo para o nosso mercado.

 

MAICK – Creio ser muito necessário esse norte de tendências e novidades. Milão divulga ao mundo como grandes desfiles de moda fazem, e isso nos ajuda muito a direcionar os clientes com as novidades e tendências atuais.

 

FRANCIANO – Eu acho que todo mundo pensa da mesma forma, né? Esse é um dos maiores eventos do mundo, onde acontece um apelo totalmente voltado a essa nossa profissão. É importante porque temos os olhares de arquitetos e designers. Tanta coisa que acontece em todo o mundo e com a feira, se concentra tudo em um único lugar. E ali a gente consegue então alinhar de que forma isso vai acontecer, o que vai ser usado. É claro que cada região, cada país, cada área tem os seus aspectos naturais, seus aspectos culturais diferentes um do outro. Não dá para pegar tudo à risca, mas dali a gente tira a essência, né? Então, o vento como sendo um ‘aglomerador’ de tanta coisa importante, tem a sua importância justamente por isso. 

 

MNK – E qual o valor do evento para você?

 

TICIANE – Valor de grande importância e grande investimento.

 

MAICK – Não tem preço estar no lugar número um do design do mundo, pisando em solo que as grandes mentes pisam e se inspiram. Voltamos repletos de ideias e inspirações para novos e dinâmicos projetos.

 

FRANCIANO – É um evento que deveria ser visitado por todos os profissionais da área. Acho importante que haja essa visita, essa experiência. O evento é mais do que ele em si, é também a cidade. Tantas culturas, tantos profissionais, tantos eventos paralelos acontecendo no âmbito cultural, de uma forma criativa. Eu acho que isso desperta tanta coisa nas pessoas que o valor dele não é só pelo evento em si, mas sim o que traz com ele. O que ele acaba influenciando na cidade e no mundo como um todo.

 

MNK – Qual a tendência apontada na feira que mais te chamou atenção?

 

TICIANE – Não acredito em tendências e sim em treino do olhar, vejo que ainda caminhamos com alta tecnologia e tons mais sóbrios.

 

MAICK – A versatilidade de eletros no meio a casa, e como eles se fundem com o mobiliário de forma inteligente e funcional.

 

FRANCIANO – As linhas orgânicas já era algo que vinha acontecendo antes da pandemia. Essas formas um pouco mais arredondadas, saindo um pouco da linha reta.  Mas também agora eu tenho visto a complexidade de materiais que são envolvidos na qualidade e nos detalhes de cada produto.  Tem-se usado a pedra no lugar da luminária, trazendo a pedra translúcida junto com o metal. O uso de vários materiais em um único produto, deixando mais detalhado, mais bem elaborado. O que me despertou o olhar foi realmente isso, o uso de diversos materiais e a reutilização, trazendo um novo significado. Usar o mármore nas luminárias, nos pendentes, coisas que a gente nem imaginava que seria possível. Um criado-mudo ou uma peça de design com um detalhe com couro, pedra, metal, tanto material numa peça única. E tudo isso conversando entre si, de forma muito harmônica. 

 

MNK – Muito se fala em sustentabilidade. Quais são seus pensamentos a respeito?

 

TICIANE – Penso que é uma base, e não deveria ser apontada como algo diferenciado e sim como parte integrante do processo e fundamental.

 

MAICK – Não vejo isso como algo que dificulta o nosso trabalho e sim como algo que norteia as indústrias no modo produtivo de cada produto. É muito importante termos a consciência de que tudo que temos em casa não está agredindo e acabando com nosso lar maior, o planeta.

 

FRANCIANO – A sustentabilidade é algo que cresce cada vez mais e acho que é um dever de todos. Temos que aprender a reutilizar e não desperdiçar material e todas as outras fontes que utilizamos. Sustentabilidade não é mais uma novidade, não é mais um benefício e sim uma necessidade, um dever do ser humano contribuir com o bem-estar e com o meio ambiente.

 

MNK – Como você espera que seja a próxima edição da EuroCucina?

 

TICIANE – Espero que seja visto mais a questão econômica e acessível para os clientes investirem. Porque muitas soluções são de suma importância.

 

MAICK – Acredito muito que a otimização de alguns eletros para pequenos espaços seja mais evidente. A personalização deles com diversidade de tons e cores está cada vez mais evidente e achamos que vai ser a força da próxima edição. 

 

FRANCIANO – Eu acho que as peças e os equipamentos vem cada vez mais com tecnologia e cada vez mais aglomeram funções dentro de um único produto. E eu acredito que isso só tende a melhorar. Mas eu acho que, além de tudo, além de trazer todos os benefícios que ele já vem trazendo, é que isso também seja mais acessível às pessoas. Apesar da tecnologia estar aí, de ela tanto nos beneficiar, ainda são peças que atingem um público um pouco reduzido. Então, o que eu espero da próxima EuroCucina é mais tecnologia, mais sintetização das peças, funções em um único produto, peças que conversam ainda mais com mobiliário, com design. São peças cada vez mais bem elaboradas e bem fabricadas. Então, o que a gente espera é sempre esse acompanhamento junto ao design e junto a funcionalidade para que cada vez mais beneficie quem está nesse âmbito da cozinha, porque hoje é um dos espaços mais importantes da casa; tanto a cozinha quanto a área de lazer, espaços gourmet. O olhar do usuário está cada vez mais em cima desses equipamentos e tudo isso precisa ser harmônico.